Entender A Reforma Agraria
INTRODUÇÃO
Entender a “Reforma Agrária” como mera distribuição de terra privada, adquirida pelo Estado de áreas dos grandes latifúndios consideradas improdutivas, é uma visão simplória, fruto do desconhecimento de todo o processo que envolve a
“questão agrária” neste país. Afirmar, também, que a reforma Agrária só depende da vontade do trabalhador rural de lutar para sua efetivação é desconhecer e desconsiderar todas as relações sociais que permeiam o sistema capitalista, é tratar sem respeito e aceitar os limites impostos na divisão sociotécnica do trabalho no regime imposto pelo capital. O capitalismo, como um sistema excludente na sua origem, gera uma série de trabalhadores sem acesso a mínimas condições de vida, ou seja, existe uma “guerra” constante das classes dominadas para poder adquirir direitos que possam garantir a sua sobrevivência. Portanto,
Para os homens que trabalham a terra, a reforma agrária, isto é, a completa e justa solução da questão agrária do país, é a única maneira de resolver efetivamente os graves problemas em que se debatem as massas camponesas, e, portanto, elas, mais do que qualquer outra parcela da população brasileira, estão interessadas em sua realização. As massas camponesas têm a consciência de que a solução final depende delas.
A execução de uma reforma agrária, efetivamente democrática e progressista, só poderia ser alcançada à base da mais ampla e vigorosa ação, organizada e decidida, das massas trabalhadoras do campo, fraternalmente ajudadas em sua luta pelo proletariado das cidades, os estudantes, a intelectualidade e demais forças nacionalistas e democráticas do patriótico povo brasileiro (STÉDILE: 2005, 75).
Contudo, a situação agrária no Brasil tem na sua origem a má distribuição de terras, no privilégio dado pelo Estado aos grandes latifundiários brasileiros. Desta forma, tem-se no favorecimento ao latifúndio uma das maneiras mais cruéis de manter os trabalhadores rurais presos ao seu próprio trabalho, pois o que