Ensaio O Politico De Plat O Nara Rela

O POLÍTICO DE PLATÃO
Nara Rela

Os regimes de governo totalitaristas contemporâneos podem encontrar apoio no Político de Platão?

O texto, um diálogo entre o Estrangeiro de Eléia e o Jovem Sócrates, tenta definir o que é um político, utilizando-se da dialética e dos recursos do mito e do paradigma. Conforme salienta o Prof. Richard Romeiro de Oliveira em seu ensaio científico “Mito e história no Político de Platão”: “autor de extraordinário talento literário e dotado de uma prodigiosa capacidade criativa, Platão, não se limita a explorar os problemas filosóficos a partir do método estritamente dialético e conceitual herdado de seu mestre Sócrates, mas, em conluio com os procedimentos próprios da argumentação racional, quase sempre nos brinda com mitos de rara beleza poética e simbólica”. Esse, sem dúvida alguma, é um dos elementos mais característicos e fascinantes da filosofia de Platão.

Logo no início, o Estrangeiro estabelece o método a ser utilizado nessa busca da definição do político: os conceitos serão divididos em partes e a parte que for escolhida como objeto de estudo, deverá ser dividida por sua vez, em tantas partes quantas forem possíveis, até ser encontrada uma definição que satisfaça todos os quesitos. Dessa forma, Platão nos mostra claramente o que a
Antiguidade entendia por pensar. Utilizando-se de duas definições das quais a segunda não resulta em uma verdade, três grandes digressões e oito digressões ou incidentes menos longos, faz-nos ver o pensamento vivo em ação. A estrutura do Político fica assim:

257a Preâmbulo
258b Primeira definição: O pastor divino
262a Incidente 1: Distinção espécie-parte

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263c Incidente 2: Divisão Subjetiva
268d Digressão 1: O mito do reino de Cronos
277d Incidente 3: O paradigma e os elementos
279b Segunda definição: O tecelão real
281d Incidente 4: Causa própria/causa comitante
283c Incidente 5: Medida própria/medida relativa
285d Incidente 6: O exercício dialético como objeto do diálogo
291d Digressão 2: A