Empreendedorismo social e liderança feminina
Resumo
A questão de gênero no campo organizacional tem produzido atitudes excludentes com relação às mulheres, no exercício de cargos estratégicos sendo relegadas a espaços limitados nas organizações tradicionais, contudo, parece haver um espaço de atuação mais amplo nas organizações do terceiro setor, dada sua natureza "cuidadora". Este artigo visa analisar o perfil e atuação das mulheres no empreendedorismo social. Trata-se de uma pesquisa exploratória cujo método de análise é qualitativa e quantitativa. A amostra contemplou 250 (duzentas e cinqüenta) organizações. A escolha das organizações pesquisadas, de cada denominação, utilizou o critério da acessibilidade. Para coleta de dados foi utilizado questionário organizado com questões abertas e fechadas. Os dados indicam que o processo de gestão das organizações do terceiro setor é relativamente bem desenvolvido, sendo que as principais funções gerenciais são consideradas no cotidiano. Há uma predominância de lideranças do sexo masculino, contudo, esse fator não se constitui em um problema, pois, independente do sexo da liderança, essas são consideradas democráticas e mediadoras.
Palavras-chave: empreendedorismo, gênero, liderança
1. Introdução
O terceiro setor pode ser considerado um campo organizacional ainda aberto para a participação da mulher em cargos diretivos, uma vez que, dada sua característica “cuidadora” assume um perfil mais feminino. O conceito de “organizações cuidadoras” tem sido tratado por Manzini-Covre (1996), ao estudar organizações do terceiro setor, principalmente abrigos para adolescentes. Para a autora a natureza do trabalho ali desenvolvido se distingue radicalmente das organizações produtivas, uma vez que o objetivo central está vinculado ao “cuidado” com o outro, tanto na dimensão física como psíquica o que as caracterizaria com uma atuação mais próxima daquilo que ela denomina cultura do feminino, que está além da