Educação e Relação Racial

A partir da aprovação da lei 10639/03 o ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira tornou-se obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio, oficiais e particulares. Atribuindo ao professor destes segmentos um conhecimento a parte do que já lhe era incumbido, afinal ao tratar-se de África nos diferentes níveis do ensino não há maiores profundidades além do Reino Kush ou a vinda dos escravos para o Brasil a bordo dos navios negreiros na maioria das vezes. Porém o conhecimento da história e da cultura do povo africano além da história do trabalhador escravizado é indispensável para o entendimento da história do Brasil e não há como negar, a importância do negro na construção de nosso país, aparecendo então uma dupla responsabilidade.
Contudo, para falar-se deste determinado tema é necessário desconstruir estereótipos, questionar conceitos existentes que foram forjados por uma visão eurocêntrica edificada ao longo de tantos anos. O processo que leva a reformulação do pensar humano quanto ao continente africano é repleto de objeções, um caminho contra verdades incontestáveis e inquestionáveis. O continente africano tornou-se alvo de preconceitos que até hoje marcam a compreensão de sua realidade. É possível identificar esta estranheza no olhar europeu, que acabou sendo disseminado ao longo dos séculos, a partir de um simples acontecimento histórico como as Grandes Navegações. Os temores sobre o Mar Oceano e as regiões abaixo da linha do Equador alimentaram um conceito errôneo dos europeus sobre os africanos. Terras inabitáveis, monstros terríveis, atitudes demoníacas ou seres humanos deformados tornaram-se fatores fundamentais nas descrições de viajantes sobre estas terras.
Ao decorrer do tempo o preconceito apenas foi se alternando visto à proximidade entre ambos os povos. A exiguidade da fé cristã dando lugar aos “cultos pagãos” e Estados tão organizados quanto os seus não modificaram em nada a avaliação europeia. O imaginário europeu