Diálogos da psicologia com a enfermagem em tempos de transição paradigmática
No momento atual, passamos por transição paradigmática em relação a como compreendemos Saúde e Cuidado. O modelo biomédico vem sendo substituído por uma visão integral do homem e, na assistência, privilegia-se a promoção de saúde e a prevenção de agravos. Entretanto, o discurso da responsabilidade pessoal pela saúde pode construir nos usuários sentimentos como culpa, vergonha, medo e paranóia, e nos profissionais, impotência e frustração. Estes sentimentos atrapalham a relação de vínculo e, com isto, a eficácia do atendimento. O objetivo deste estudo, de natureza teórica, é propor um diálogo entre a Psicologia, com sensibilidade construcionista social, e a Enfermagem, a fim de analisar as possibilidades de cuidado construídas a partir deste. Como alternativa ao discurso da responsabilidade pessoal, propõe-se a responsabilidade relacional e a compreensão de saúde e cuidado dentro do tempo longo, do tempo vivido e do tempo curto.
Descritores: Enfermagem; Psicologia; Educação em enfermagem; Equipe de assistência ao paciente; Relações profissional-paciente
CONCLUSÃO
No último século, a Psicologia vem dialogando com as ciências da saúde a fim de ampliar a visão do ser humano, considerando-o para além de seu corpo biológico. A visão de saúde atual, com forte foco na prevenção de doenças, pode produzir também sentimentos de culpa, vergonha, paranóia e medo nos usuários, e sentimentos de impotência e frustração nos profissionais. Estes sentimentos podem afastar usuários de profissionais, tornando ineficazes as ações preventivas.
A Psicologia vem repensando sua atuação, refletindo sobre práticas que podem ser consideradas como disciplinadoras e normalizadoras, usadas em favor da manutenção do status quo. A Psicologia com sensibilidade construcionista social convida à ampliação do olhar do comportamento a ser modificado, para uma compreensão deste dentro de um momento histórico e cultural, com sentido construído nos relacionamentos, buscando novas