direitos humanos e mídia
Em maio de 2012, o programa local Brasil Urgente, da TV Bandeirantes Bahia, exibiu uma matéria denominada: “Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência”. Na reportagem, a jornalista Mirella Cunha entrevista o suspeito Paulo Sérgio Silva Souza. Em virtude do baixo nível de escolaridade, o entrevistado pronuncia a palavra “próstata” de maneira errônea. A repórter então debocha do acusado e ri das suas respostas. E embora ele fosse apenas suspeito de um crime, a jornalista o expõe como um condenado.
O vídeo da entrevista repercutiu nas redes sociais e representantes de entidades repudiaram a atitude da entrevistadora. O Ministério Público argumentou que os direitos constitucionais do acusado foram violados. O caso reacendeu um antigo debate sobre a ética na mídia.
É razoável pensar que a equipe do programa almejava uma repercussão com aquela reportagem. Isto resultaria no acréscimo da audiência e, por decorrência, da publicidade. Vale lembrar que a entrevista não aconteceu “ao vivo”, mas sim, fora pré-gravada. Em outras palavras, os produtores do Brasil Urgentetinham consciência do que ali era exibido. Não fora algo que escapou do controle da equipe. O que se apresentou tinha consentimento dos produtores. É evidente que não se esperava uma repercussão negativa. No entanto, o caso refletiu em outras mídias e, ademais, recebeu duras críticas de entidades e jornalistas.
Ética e mídia
De acordo Eugênio Bucci, a ética no jornalismo não deve ser perseguida somente pelos “repórteres e editores”, mas também pelos detentores dos meios de comunicação. “Cada um, agindo eticamente, constrói o próprio caráter em direção à virtude; no mesmo movimento, constrói o bem comum tal como ele é entendido em sua comunidade”, afirma Bucci (2000, p.16). Ainda segundo ele, há duas correntes que fundamentam o estudo da ética na imprensa: o utilitarismo (ou teológica) e a deontológica.
Na primeira corrente, diz Bucci, o jornalista deve analisar qual