Dialogismo

A língua em sua totalidade concreta viva, em seu uso real dentro das relações dialógicas é o assunto em questão de todo o capítulo 2 da obra de José Luiz Fiorin, Introdução ao pensamento de Bakhtin, edição de 2006 pela Editora Ática. Neste capítulo, Fiorin de maneira excepcional, numa linguagem clara e objetiva, esclarece porque o teórico russo defende este princípio dialógico, examinando-o em sua obra, pelos seus diferentes ângulos e suas diferentes manifestações (p.18). Ainda segundo o teórico russo, todos os processos de comunicação são dialógicos, ou seja, nunca nos processos enunciativos haverá apenas uma só voz.
O autor afirma que toda palavra, dialoga com outras palavras e uma vez Bakhtin dê um papel centralizador â linguagem, pode-se definir que é ela – a linguagem, é que constrói o mundo e suas relações de discurso. São levados em consideração nesse processo alguns fatores como, por exemplo, entonação de voz, no qual um discurso constitui-se a partir de outro e idéias opositivas, uma vez que todo enunciado apresenta uma ideia de oposição. Do mesmo modo, na página vinte, os enunciados são descritos como as unidades reais de comunicação, pois diferentemente das unidades da língua como os sons, as palavras e as orações, o enunciado é único e, portanto, depende exclusivamente do produtor do discurso.
O dialogismo está considerando a realidade dos processos enunciativos e para delinear os caminhos percorridos durante todo este processo, a partir da página vinte e quatro da obra de Fiorin, encontramos o primeiro conceito de dialogismo. Nele, se afirmam que as construções enunciativas não são somente as reproduções sociais da forma estática do discurso, essas apresentadas nas reais relações enunciativas, mas o enunciado é sempre ancorado pela heterogeneidade, porque revela duas posições: a sua e o seu avesso. Neste caso ocorre a constituição de diferentes posições sociais que levarão à contradição, ou seja, no mínimo duas vozes aparecem nas relações