Deus e o Diabo no Recôncavo: um debate sobre violência na Mídia
Simone Brandão Souza
Desde que o mundo é mundo a violência sempre existiu. Nas suas mais variadas formas. Não é uma prerrogativa ou um traço do homem contemporâneo. O viver em comunidade sempre foi permeado por atos de violência, mesmo que essa violência se manifestasse pela necessidade de sobrevivência, como no período pré-histórico onde a hostilidade imposta pela natureza levava os homens a garantirem sua existência, através da violência.
Na medida em que as sociedades vão se complexificando essa violência adquire contornos 1diferenciados, deixa de ser apenas uma forma de manter a sobrevivência e passa a ser conseqüência da forma como o homem se organiza socialmente.
A fé, professada pelo Cristianismo dos tempos medievais, e seu dogmatismo, ditavam as normas sociais e, através de punições e mortes públicas institucionalizavam a violência, visando à purificação e o castigo exemplar de criminosos ou não, opositores em alguma medida da ordem imposta.
Essa violência que não é só física é também simbólica, vai permanecer presente nas contradições engendradas pela organização da sociedade capitalista, que emerge com o fim do feudalismo e sobrevive ainda nos dias de hoje.
É nessa sociedade de classes, lócus da desigualdade social, que uma grande maioria despossuída dos direitos mais básicos como comida, saúde, trabalho, habitação e educação, vive na pobreza absoluta e uns poucos acumulam riquezas e usufruem das benesses que seu capital pode comprar.
Estamos aqui falando, portanto de outra violência, ou desta com outra roupagem: uma violência que é institucionalizada, que naturaliza tanto a divisão entre riqueza e a pobreza quanto o fosso entre as classes sociais e que não nos deixa perceber a desigualdade como uma condição para manter essa estrutura social vigente.
Neste sentido, podemos afirmar que a violência da desigualdade social é uma conseqüência obrigatória das relações entre os