Descartes

1587 palavras 7 páginas
m que consiste a prova da existência de Deus pela ideia de perfeito? Qual o seu objectivo? Considera-a uma prova convincente? Caso não seja uma prova convincente, que problemas decorrem daí para o projecto cartesiano de garantir que o nosso conhecimento claro e distinto é absolutamente seguro.
R: Eis a prova:
1 – Sei que sou imperfeito. Duvidar de tanta coisa é sinal de imperfeição.
2 – Mas como sei que duvidar é sinal de imperfeição? Porque tenho consciência do que é ser perfeito, ou seja, tenho no meu pensamento a ideia do que é ser perfeito.
3 – A ideia de ser perfeito é, assim, uma ideia clara e distinta.
4 – Se está no meu pensamento, se sou eu que a descubro, será que sou eu o seu autor? Não. A causa da ideia de um ser perfeito não pode ser causada por um ser imperfeito.
5 – Por que razão não pode a ideia de um ser perfeito ser causada por um ser imperfeito? Porque seria absurdo que o efeito – a ideia de perfeito – tivesse mais realidade e perfeição do que a causa – nesta hipótese o sujeito pensante.

6 – Só um ser perfeito pode ser causa da ideia de perfeito.

7 – Esse ser perfeito é Deus.

8 – A ideia de perfeito existe. O que existe tem de ter uma causa. Não pode, neste caso, ser o sujeito pensante. Logo, Deus tem de existir.

O objectivo da prova é garantir a objectividade das ideias claras e distintas, em especial das ideias matemáticas que tinham sucumbido diante da suspeita de que Deus podia enganar. Provando a existência de Deus como ser perfeito ou não enganador – não é por acaso que a prova parte da ideia de perfeito –, Descartes afirma que a partir de agora o que concebo como evidente (claro e distinto) é verdadeiro não só no momento em que a evidencia está presente na minha consciência como também quando não estou a pensar nela.
A prova é, sem dúvida, bem urdida e imaginativa, o que é apanágio de Descartes. Contudo, algumas sombras se podem projectar sobre ela.
Deus vai garantir a verdade das crenças claras e distintas. Por

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