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11575 palavras 47 páginas
Romantismo tropical ou o Imperador e seu círculo ilustrado1 Lilia Moritz Schwarcz (Departamento de Antropologia/ Universidade de São Paulo)

Introdução: Um rei nas américas
Em inícios do século XIX o Brasil vivia uma situação paradoxal. Colônia de uma metrópole decadente, como era Portugal, sentia os impasses de uma política de restrições não só econômicas como culturais. Na verdade, se manifestações políticas de caráter nativista revelavam a fragilidade do estatuto colonial, no plano da cultura a situação era igualmente insatisfatória. Ao contrário do governo espanhol, o estado português praticava uma política rigorosa mantendo seus domínios americanos privados de instrumentos de formação e de difusão da cultura, sobretudo superior. No Brasil estavam proibidos os periódicos, as universidades e as tipografias. A educação restava nas mãos dos clérigos, as poucas bibliotecas eram limitadas aos conventos e a entrada de livros continuava dificultada.
Todo essa situação foi, porém, subitamente alterada com a transferência da Família Real em 1808. Diante da ameaça da tomada de Lisboa, pelas tropas napoleônicas, o Príncipe Regente D. João fugiu, em dezembro de 1807, levando consigo não só sua família, como boa parte do tesouro real, além de 15.000 pessoas pertencentes à corte. Partiam, dessa maneira, junto com a realeza, milhares de funcionários, soldados, o governo, todos protegidos pela esquadra inglesa, aliada, nessa conjuntura, de Portugal.
Só em janeiro a elite portuguesa aporta em sua isolada colônia tropical que sofreria profundas mudanças em função da presença inesperada. Com efeito, ao mesmo tempo que se

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