Cultura organizacional
Jorge Correia Jesuino
Professor Jubilado do ISCTE, Lisboa
Nível Organizacional
Numa obra recente – Un nouveau paradigme, Alain Touraine (2005) sustenta que após o paradigma político, predominante na idade clássica, e o paradigma económico e social que dominou na modernidade, entramos agora com o acelerar da globalização num novo paradigma, o paradigma cultural. O que significaria por um lado, uma acentuação do individualismo, e por outro lado, uma maior consciencialização face aos problemas globais que se desenham para o futuro da humanidade. A ideia de que entramos numa nova era, numa nova cultura, parece estar igualmente subjacente ao pós-modernismo, enquanto novo paradigma que afecta sobretudo as ciências sociais introduzindo novas temáticas e novas metodologias.
As organizações constituem como que laboratórios naturais para o estudo dos problemas sociais e humanos. Nelas cruzam-se comportamentos situados em contextos de complexidade variável cuja trama reflecte e refracta a própria complexidade societal próxima como distante. As organizações são, assim, autênticos microcosmos das sociedades onde se inserem permitindo uma análise a uma escala mais reduzida dos problemas da envolvente que, em vagas sucessivas, nelas acabam por produzir efeitos.
Não será assim de estranhar que o paradigma cultural esteja igualmente presente tanto nas práticas como nas teorias das organizações. Arriscaria mesmo a hipótese de o conceito de cultura organizacional ter tido importância porventura decisiva para a generalização do paradigma cultural, contribuindo para o transformar numa noção do senso comum – uma representação social, e hoje largamente incorporada na linguagem corrente. De tal modo que quando falamos da cultura seja dum grupo, duma empresa, duma associação, ninguém parece surpreendido com a natureza do conceito e apenas diferindo, se tal for o caso, do conteúdo para que remete.
Todavia, e para nos limitarmos ao nível das organizações,