Crítica

2342 palavras 10 páginas
O humano medieval era dotado de laços subjetivos com os valores absolutos e com a ideia de ordem eterna. Este era o imaginário tradicional, no qual o homem via diante de si um mundo estático construído pelo estigma da cópia. O moderno, por sua vez, é um ser autônomo. Ele não desmente a visão realista do existir tradicional, mas duvida que os princípios de sua imobilidade surjam de uma causalidade cósmica universal. Com esse corte, é agora possível experimentar a vida como obra a realizar, isto é, com o destino aberto e não predeterminado.
A modernidade vai assumir uma forma histórica e a coerência com a consciência genética obriga a erguer a cultura pelas medidas do relativo, mantendo os seus mecanismos autorreprodutivos permeáveis à negação e à inovação.
A fundação moderna terá de se deslocar progressivamente da consciência histórica, sob a ótica do absoluto, em busca de fundamentos antropológicos e divinos que justifiquem as suas construções culturais. Ainda quando a modernidade contemple a historicidade humana, ela será concebida como percurso gestatório do fim dos tempos, e, desta forma, será uma sequência da evolução do ser rumo ao Progresso.
A instauração da crise dos fundamentos modernos atinge todos os elos da construção cultural, iniciando-se a crucificação do sujeito. Quando os fenômenos históricos são interpretados sob a hipótese do determinismo do progresso, o humano aparece como mera criatura e a história se torna um mistério, sem se ter noção de qual a sua fonte, uma vez que o Divino não poderia produzir algo tão imperfeito, enquanto que a natureza não seria capaz de fazer tamanha subjetividade. Este é, portanto, o momento em que ocorre o eclipse do espírito utópico.
Os padrões da modernidade absolutista colocam a utopia em crise permanente. Enquanto se perpetuarem, jamais se retomará a cultura do sujeito, tampouco desabrochará, uma vez mais, o ânimo transcendente. Essa crise do utópico manifesta-se sob formas específicas ao sabor das circunstâncias,

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