Cronica

“Azarêncio”

Conheci a muito tempo um rapaz cuja história nunca me esquecerei. O coitado já nascera fadado ao azar a começar pelo nome, que fora motivo claro de muita chacota: Pedro Pinto Rosa, herança de seus pais biológicos.
Fora adotado, mas não em circunstâncias formais, e sim, numa espécie de barganha, onde diante de uma grande dificuldade fora trocado por uma Brasília até que bem conservada.
Crescera em ambiente amoroso embora conturbado. Filho único era obrigado a assistir seu pai chegando embriagado, batendo na sua mãe com o cachorro da família, isso porque ele arremessava qualquer coisa que estivesse ao seu alcance no momento.
Os anos se passaram sem que nada de muito grave acontecesse, no entanto entrara com muita facilidade na faculdade, onde o conheci, isso porque era além de um rapaz simpático, um devorador de livros, seus verdadeiros amigos.
Não era de muito papo, mas soube logo que no primeiro ano arrumara uma namorada. Rosa, menina linda como o nome, com longos cabelos loiros encaracolados, era perfeita aos olhos dos outros. Nessa época, eu e Pedro, nos encontrávamos muito próximos devido a trabalhos e atividades, soube por meio dele que o relacionamento não andava bem.
- Rosa, tem muito ciúmes, não há porque meu amigo! – Dizia Pedro.
E realmente não havia, mas como tudo na vida de Pedro, era isso também, coisa complicada. Certo dia, Rosa acabou por ver uma garota perguntando as horas para Pedro no meio do pátio. Fora um abuso para ela, algo inaceitável. - Como pode fazer isso comigo, eu que tenho dedicado a você todos os minutos da minha vida! Como pode ficar de conversinhas com uma “qualquer”, me humilhando publicamente?! Você realmente é esquisito, eu deveria ter ouvido minhas amigas quando diziam que eu era demais para você! E assim acabou o primeiro namoro de Pedro, por um mal-entendido. Outros mais vieram, depois de algum tempo, mas nada que fosse duradouro.