Crack, mídia e perfieria

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Crack, mídia e periferia: uma representação social das “classes perigosas”.

Introdução
No Brasil, as duas últimas décadas têm se caracterizado por uma sensível deterioração da capacidade do poder público em controlar a criminalidade e a violência. O diagnóstico da situação aponta para uma nova conformação da criminalidade na sociedade brasileira. Há um maior grau de violência associada aos crimes urbanos, bem como se identifica a solidificação de atividades criminosas, cada vez mais organizadas e pautadas por uma racionalidade tipicamente empresarial. São os casos do roubo de cargas, do contrabando de armas e de mercadorias e do tráfico de drogas. Este último e os problemas sociais, políticos, econômicos e de segurança a ele associados mobilizam parcela significativa da sociedade na direção da formulação e da constituição de alternativas que visam à amenização e à solução de tais problemas.
Em meados de 2009, uma série de reportagens do Jornal do Commercio, intitulada “A epidemia do tráfico”, abordou o assunto com frases como “A cracolândia é aqui”, “Um tiro rápido, barato e mortal”, “Eu já tirei tudo de casa. Alguém precisa me deter”, “Classe média refém do crack”, etc. Tais abordagens pareciam tratar o fenômeno em questão como algo patológico que vem se alastrando em Pernambuco, podendo criar nos leitores um grande medo desta espécie de “epidemia”. As análises dessas notícias chamadas de especiais as quais traziam um olhar mais aprofundado do tema, inclusive com histórias de personagens reais, mostravam a intenção de chamar a atenção para o “problema”, porém poderiam reforçar preconceitos e entendimentos destorcidos sobre o crack em Pernambuco.
Assim, o objetivo deste trabalho é compreender a representação midiática sobre o crack como metáfora da periferia de Recife/PE, analisando as matérias veiculadas pelo

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