Cozinho

Foi mais um caso de grande repercussão no ano nos gramados do país – o primeiro foi com o árbitro Marcio Chagas, em Bento Gonçalves (RS), quando torcedores atacaram o carro dele e deixaram bananas no retrovisor; Em seguida aconteceu com o santista Arouca que ouviu insultos quando ele dava entrevista para os jornalistas na saída de campo de um jogo em Mogi Mirim (SP). Antes desses acontecimentos, o Brasil só estava acostumado a lidar com casos de racismo no futebol fora de casa, com jogadores brasileiros jogando na Europa ou em campeonatos sul-americanos. Mas desde que o problema começou também nos gramados nacionais, passou-se a discutir punições para combater esse problema. Segundo um levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, somente neste ano já fora registrados 12 casos de discriminação racial nos gramados brasileiros. Além de jogadores, as vítimas foram árbitros e também profissionais de imprensa. No entanto, na maioria dos episódios de racismo, não houve punições para os autores dos insultos. Algumas punições vieram, no âmbito esportivo, onde a pena pode ir de multa e perda de pontos a perda de mandos de campo ou exclusão da competição das entidades desportivas nas quais os autores dos xingamentos estão vinculados.

O futebol não é, como alguns acreditam, um domínio no qual exista democracia racial.Prova disso é que os negros estão sub-representados nas esferas de poder do esporte. São pouquíssimos os afrodescendentes que ocupam funções de dirigentes ou técnicos. Aos negros estão reservadas funções dentro de campo, onde as suas habilidades físicas são aceitas e até elogiadas, mas com uma carga ideológica clara. Ou seja, a mensagem subliminar é a seguinte: lugar de negro é no campo de jogo e somente nele.

Para se resolver isso è fundamental que todos os níveis escolares se estude a diversidade brasileira. Ninguém nasce racista. Uma criança aprende vendo as atitudes dos pais, dos avós. Uma mudança só se dá na educação.