corporeidade

Corporeidade e Psicologia Jurídica Prof. Paulo R Sousa
Merleau-Ponty foi um filósofo francês adepto da fenomenologia. Filósofo, nunca escreveu nada diretamente relacionado ao direito, sua esposa era psicóloga e eles interagiam nas suas vivências, sendo autor de diversas obras sobre o comportamento, a percepção, a presença, o fenômeno. Foi lendo Merleau-Ponty (Estrutura do comportamento), aliás, um Merleau-Ponty apresentado por Muniz de Rezende, que fizemos a descoberta do corpo humano, anos após a nossa primeira aula de anatomia.
Há um corpo anatômico e um corpo vivido. O corpo como coisa, o corpo anatômico, nós o descobrimos na doença, isto é, quando dói, lembramos que temos fígado, Esse é o corpo físico, real, corpo concreto. O corpo anatômico é mostrado pela doença.
O corpo vivido é um corpo próprio, corpo sujeito, corpo fenomenal, corpo simbólico e, por fim, um corpo humano. O corpo próprio é o corpo da apropriação, o meu corpo, que me distingue dos outros e do mundo. O corpo sujeito não é um corpo coisa; ele remete à subjetividade, que apropria de maneira autônoma sua própria vida. Por isso, meu corpo não é um objeto, meu corpo sou eu. O corpo fenomenal é o corpo que percebo e por intermédio do qual me relaciono com o mundo; é o corpo da percepção da vida; é, em suma, o corpo com o qual vejo o mundo e, também, meu limite, pois sou limitado pelos meus sentidos. O corpo simbólico diz o que estou sentindo, diz o que falo. Finalmente, o corpo é humano porque tem tudo isso e se faltar um dos outros aspectos não é um corpo humano. O corpo humano não é um corpo animal domesticado, isso muda a concepção de anatomia.
Cada aspecto do corpo engloba o precedente. Como afirma Rezende, estou lidando com um corpo humano que não é simplesmente um corpo animal, um corpo coisa, um corpo orgânico, mas um corpo próprio, sujeito, fenomenal, simbólico, humano.
Desse modo Merleau-Ponty supera o corpo anatômico, a máquina (parada) do modelo biomédico de que fala Capra. Ele