Cordeiros da Bahia. Festa e trabalho no carnaval.

Cordeiros da Bahia
Festa e trabalho no carnaval de Salvador

Falar sobre um tema inserido no Carnaval de Salvador é um grande desafio para qualquer pessoa, pois como a afirma o sociólogo Milton Moura “Salvador diz quem é a si e ao mundo em seu carnaval”. Nesta cidade a festa de momo rivaliza atenções até mesmo com o futebol, a grande paixão nacional. Trata-se de um assunto que todo mundo tem e quer expressar sua opinião. O rito carnavalesco promove a identidade social nas sociedades complexas, reproduz e transforma valores, aliando o extraordinário e o cotidiano. Possibilita a sensação fantasiosa de liberdade através da suspensão das regras sociais. O carnaval de Salvador tem se mostrado um campo fértil para pesquisas, principalmente os conflitos encontrados no interior da festa, que seriam no entendimento de Paulo Miguez, o alimento que faz a festa baiana se auto-renovar e manter-se sempre contemporânea. Assim, não haveria nenhuma preocupação em tentar resolvê-los. Nos últimos trinta anos, acompanhando as transformações ocorridas no Brasil e no Mundo, o lado empresarial do carnaval de Salvador passou a ser tratado como elemento de vital importância para o incremento do turismo local, atividade econômica responsável pelo emprego e renda de boa parte da população de Salvador. Observe que é neste novo modelo de Carnaval que surgiu a categoria dos trabalhadores cordeiros de bloco, uma invenção genuinamente baiana, exportada para as micaretas realizados Brasil afora, que seguem o modelo da festa baiana. Portanto, de algumas décadas para cá, os organizadores do carnaval passaram a estimular sua realização, alardeando se tratar de um negócio capaz de gerar emprego e renda para a população. Na prática a maior parte dos cerca de 500 milhões de reais da renda gerada durante os seis dias da festa, tem sido abocanhado por alguns poucos grupos empresariais, destacando-se os donos dos principais e maiores blocos e a rede de hotelaria. Até mesmo a