Cora7

3355 palavras 14 páginas
HISPANISTA –Fundada en abril de 2000
ISSN 1676-9058 ( español) ISSN 1676-904X (portugués)
“HISTÓRIAS E MEIAS VERDADES” NOS REINOS DE GOIÁS
Olívia Aparecida Silva
Velha casa de Goiás. Acolhedora e amiga, recende a coisas antigas de gente boa.

Cora Coralina

Cora Coralina, reconhecida poetisa, é também contadora de casos à moda antiga. Um dos seus primeiros contos foi publicado em 1910, “Tragédia na roça”, despertando atenção da crítica especializada. Recebe elogios e é anunciada como revelação da época. Mas só muitos anos depois, em 1985, seu primeiro livro de contos, Estórias da casa velha da ponte, é publicado, postumamente. Compõe-se de dezoito peças em escrita leve e bem humorada.
São casos folclóricos alguns, mas em todos se sobressaem o cotidiano, o absurdo da vida e ensinamentos.
Vem de dentro um cheiro familiar de jasmins, resedã e calda grossa – doce de figo ou caju
Dispõe de uma linguagem despojada, bem aprumada e traz uma ressalva, cujo título é “Nada Novo...”, alertando o leitor sobre a possibilidade de encontrar mesmices já lidas, pois se trata de histórias diversas de cunho popular, recriadas por outros autores goianos, mas acrescenta que cada escritor tem seu estilo e recursos próprios, mostrando-se consciente da natureza do gênero e senso crítico em relação a possíveis comentários.
Em seu primeiro conto cujo título é “A Casa Velha da Ponte”, Cora
Coralina faz uma homenagem à Casa Velha da Ponte buscando recuperar sua história e de seus moradores, tornando-a personagem da narrativa A casa projeta-se enquanto um elo entre o presente e o passado, trazendo à baila cenas de um tempo distante, de vivências passadas, circunstâncias de gerações a gerações.

É sobre esse conto que pretendo desenvolver algumas considerações, observando a relação estabelecida entre o factual e o ficcional, os aspectos autobiográficos e as estratégias ficcionais utilizadas por Cora Coralina na sua composição. Verifica-se, em “A Casa Velha da Ponte”, através do ato criativo, a

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