ContratransferenCia - Stella Jimenez

2028 palavras 9 páginas
Contratransferência
Stella Jimenez

A posição fundamental do analisante em relação ao analista, que provoca seu trabalho de análise (durcharbeiten) e a possibilidade de expulsão dos significantes mestres com os quais ficou marcado na sua forçada alienação significante, está definida pela questão “o que ele quer?”, mesmo que não receba esta formulação. Essa questão recorta a definição do desejo como desejo do Outro. A resposta a esta pergunta fica opaca em função do desejo do analista, desejo de diferença absoluta, jamais desejo puro. i1O que acontece quando o sujeito que necessariamente embaraça o analista se vê afetado por paixões em relação a seu analisante? Estas paixões foram chamadas “contratransferência”, à falta do conceito que viria dar a elas sua significação: o desejo do analista.ii A idéia de contratransferência evolui na teoria a partir de uma primeira concepção, que a pensava como falta de análise do analista, para a aceitação de sua inevitabilidade e a conseqüente possibilidade de se servir dela na clínica. Este “se servir dela” é teorizado de diferentes maneiras: o primeiro a pensar o desejo do analista (Ferenczi) chegou a postular uma “análise mútua”, na qual o paciente também analisaria o analista. Outros autores (Paula Heimann etc.) a utilizam como um dado que avisa ao analista que existem motivos para se inquietar e aprofundar o discurso; outros a usam como o que deve ser priorizado para a interpretação, entendendo-a como os sentimentos induzidos pelo paciente no analista (Ella Sharpe etc.) Outros acham que esses sentimentos devem ser confessados ao paciente (Margaret Little etc. ). Ainda outros (Lúcia Tower etc.), que paciente e analista se psicanalisam simultaneamente: o analista não só deve confessar ao analisando o que sente, como também pensar em que lugar parental está colocando seu paciente, o que equivaleria a analisar seu próprio inconsciente. Pode-se dizer que todos estes autores pensam a análise como uma

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