Contra a perfeição

9408 palavras 38 páginas
Em seu livro Contra a perfeição, o filósofo americano Michael J. Sandel apresenta razoáveis argumentos para não se submeter ao instrumentalismo que relativiza o dom da vida em nome da pesquisa e do produto na era do consumo e das commodities. Ele diz claramente que a vida é um dom incontestável e que os cientistas deveriam ter mais “reverência” pela vida. Contudo, no final do livro, o autor quase pede desculpas pelas suas palavras duras contra o mercado e – meio reticente – defende a pesquisa com células-tronco embrionárias. Enfim, o filósofo se contradisse descaradamente.
Para justificar sua posição política, o filósofo norte-americano distingue estatuto moral de ontológico, dizendo que a questão principal está em saber se o embrião é sujeito ou não de dignidade . Está claro, porém, que o primeiro a se averiguar não é a condição moral do embrião, mas a sua natureza metafísica. A primeira questão é de nível ontológico-metafísico, donde se seguirão questões ética e morais derivadas, de tal forma que a dignidade ou não do embrião será reconhecida ou negada, nunca debatida. Não se trata de outorgar dignidade humana a uns embriões e não a outros. Trata-se de reconhecer se os embriões, concebidos naturalmente ou não, são em si mesmos humanos. É só isso! Desviar o foco para o campo da ética é jogar areia nos olhos dos que dialogam.
Contra os que defendem a dignidade do embrião, o autor afirma que ninguém compara as sementes de carvalho com o carvalho adulto. Ele diz que seria ridículo defender a dignidade da bolota igualando-a ao da floresta de carvalhos. Mas será? Não é verdade que se todas as bolotas desaparecessem a própria existência dos carvalhos estaria em xeque-mate? E mais: a legislação de diversos países discorda da opinião do autor. Afinal, atacar ovos de tartaruga é atacar não uma tartaruga em potência mas a continuação da espécie inteira. Se é assim, por que pôr em risco a vida de um embrião e agir distintamente de outros entes? A resposta do pesquisador:

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