Comunicacaosimbolica

RELAÇÃO MEIOS DE COMUNICAÇÃO E PRECONCEITO ÉTNICO-RACIAL – DESIGUALDADES NO PLANO SIMBÓLICO

Toni André Scharlau Vieira1

“Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo.”
Malcolm X

Este texto discute como a comunicação social atua enquanto reforçadora de preconceitos quando os fenômenos são analisados a partir do conceito de capital simbólico. Ao dialogar com os raciocínios de Pierre Bourdieu e John B. Thompson, são elencados exemplos da realidade brasileira contemporânea para compreender melhor a postura dos meios de comunicação em relação à questão étnico-racial.

1 CONCEITUANDO PODER SIMBÓLICO
Os meios de comunicação representam um poder simbólico. Isso quer dizer que eles são capazes de influenciar as ocorrências sociais e até mesmo interferir na forma como a sociedade se organiza. Uma das principais características desses meios é a institucionalização de bens simbólicos, o que é obtido a partir da produção e difusão de produtos simbólicos. Dentro das lógicas capitalistas, os meios de comunicação de massa são “parte de um conjunto de instituições interessadas, de diferentes maneiras, na fixação, reprodução e mercantilização das mesmas” (THOMPSON, 1995, p. 289). Quando um meio de comunicação é “institucionalizado” ele passa a ser reconhecido como referência na produção de bens simbólicos para a sociedade (um exemplo é o “padrão Globo de qualidade”).
As pessoas, então, passam a confiar nas informações do canal de televisão X, porque ele construiu um capital simbólico que lhe trouxe credibilidade. Para John B. Thompson (nascido em 1951), essa credibilidade pode ser construída através de um “impacto interacional dos meios técnicos”, compreendendo meios técnicos como os canais pelos quais os meios atingem os públicos. O autor elenca, ainda, quatro dimensões desse impacto interacional:

(1) os meios facilitam a interação através do tempo e do espaço; (2) eles modificam a