Cartas na mesa
Maussad Moisés em seu “Dicionário de Termos Literários”, nos dá um pequeno ensaio sobre a Historia da Epístola, percorrendo desde os tempos bíblicos até nossos dias: os apóstolos endereçavam escritos a um grupo social, por exemplo, “Carta aos Coríntios”de São Paulo; os romanos da Antiguidade mandavam composições poéticas a amigos ou mecenas vazada numa linguagem cotidiana tratando de variados assuntos literários, filosóficos, políticos, morais, sentimentais, amorosos, etc...
Diz também que a “moda da carta”, esquecida na Idade Média, retorna na Renascença com Petrarca, Ariosto Saint-Gelais, Clément–Marrot, Antonio Ferreira, Sá de Miranda. Lembra de Voltaire, Rousseau, Byron, Shelley, Filinto Elisio, Castilho, Musset, Victor Hugo e Mallarmé, grandes cultivadores do gênero nos séculos XVIII e XIX.
Essa pratica veio ganhando cada vez mais espaço a medida que se desenvolvia os serviços postais.
Sóror Mariana Alcoforado
Portugal não fugiu a onda das cartas. Francisco Manuel de Melo escreveu milhares e Antonio Vieira centenas, mas não foram o bastante para alcançar aquelas “Cinco Cartas de Amor de Mariana Alcoforado”(ou “Cartas d’uma Religiosa Portuguesa”).
Lançadas na França em 1669, as “Lettres Portugaises” não trazia nenhuma indicação de seu autor ou destinatário (golpe de marketing dos editores?), e foram estudada por Stendhal, Saint-Beuve, Jean-Jaques Rousseau, La Bruyére e Rainer Maria Rilke.
Mariana Alcoforado (1640? – 1723), nasceu em Beja e professou no Convento Nossa Senhora da Conceição dirige estas cartas à Chamily, um oficial francês a serviço de Portugal durante a Restauração.
Ainda hoje esse mistério, para alguns, não foi satisfatoriamente desvendado.
Cinco cartas que revelam uma confissão amorosa exaltadamente feminina, só encontrada em duas outras portuguesas: Mariana do romance de Camilo Castelo Branco, “Amor de Perdição”e na poeta Florbela Espanca.
Frei Francisco da Simplicidade
“Este tipo de carta é desconhecida na