cap 03 historia
As mulheres no Brasil colonial
3.1
Breves divergências de perspectiva no estudo na mulher no Brasil colonial Antes de começar a tratar da figura representada pela mulher no período colonial é preciso mencionar brevemente divergências na abordagem do tema.
Autoras como a renomada Mary Del Priore (2000 e 1993), além de Fabiano
Vilaça (2008), Maria Ângela D´Incao (1997) e Rachel Soihet (1997)1 enfatizam a
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capacidade de resistência das mulheres naquele contexto, no seu “cotidiano impreciso” (Del Priore, 1993, p. 16). Não desejam pintar a imagem delas como vítimas, antes enfatizando sua capacidade de ação e mudança2. Diferentemente, autores como Gilberto Freyre3 (1986), Caio Prado Junior (1957) e Darcy Ribeiro
1
Além dos autores brasileiros, a portuguesa Maria Beatriz Nizza da Silva (1998 e 2002) apresenta verdadeiras pesquisas genealógicas sobre a mulher no Brasil colonial, valendo-se de uma vasta documentação de manuscritos e impressos de diversas fontes. Sua obra se aproxima da de
Del Priore no sentido de ir ao capilar da vida das famílias e das mulheres no Brasil colonial. As conclusões das autoras em muito se coadunam. Por outro lado, diferentemente de Del Priore,
Maria Silva não tende a fazer aproximações gerais, trabalhando muito caso a caso, tanto expondo situações de opressão como de resistência (p. ex., nas páginas 311 e 312).
2
Rosaldo, tratando da generalizada dominação das mulheres pelos homens ao redor do mundo, afirma que “as mulheres desafiam os ideais da ordem masculina. Elas podem ser definidas como virgens, embora sejam necessárias à renovação do grupo. Elas podem ser excluídas da autoridade, embora exerçam todos os tipos de poder informal. Seu status pode ser derivado de suas relações com os homens, embora elas sobrevivam a seus maridos e pais” (Rosaldo, 1979, p. 48).
3
Gilberto Freyre é um autor polêmico. Trouxe contribuições muito originais à antropologia como um todo e à compreensão do Brasil, ao