Canção doExilio

1298 palavras 6 páginas
NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO Carlos Drummond de Andrade

Um sabiá
Na palmeira, longe.

Estas aves cantam
Um outro canto.

O céu cintila
Sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
E o maior amor.

Só, na noite,
Seria feliz:
Um sabiá,
Na palmeira, longe.

Onde tudo é belo
E fantástico,
Só, na noite,
Seria feliz.
(Um sabiá, na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e voltar
Para onde tudo é belo
E fantástico:
A palmeira, o sabiá,
O longe.

SABIÁ
Tom Jobim e Chico Buarque

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir
Cantar uma Sabiá...

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia...

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer...

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar...
E a solidão vai se acabar...

UMA CANÇÃO Mario Quintana

Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.

Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!

CANÇÃO DO EXÍLIO
Murilo Mendes

Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista,

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