blablabla

Consumir me deixa Cego

Me pego calçando meu tênis da “Nike”. Ao mesmo tempo o noticiário da Tv anuncia o desabamento de uma fábrica de confecções em Bangladesh. Mais de cerca de cinco centenas de seres humanos morrem soterrados. Minha mãe balbucia uma oração para as almas das vítimas. Continuo me arrumando para aquele passeio chato ao “shopping”, tomar um Chopp gelado, enquanto a esposa se deleita nas compras. Que saudade do boteco do “divino”!
Na Tv do bar, devidamente sem o som, leio a legenda do noticiário para passar o tempo. O repórter acompanha uma “batida” dos fiscais do trabalho em busca de uma denúncia de trabalho semiescravo, onde operários bolivianos trabalham incansavelmente produzindo, dentro de um galpão que mais parece uma sauna, peças de roupas para grandes empresas brasileiras venderem em Shoppings.
Desavisadamente, meu celular “made in china” toca estridente, chamando a atenção dos presentes. Meus amigos do “boteco do divino” me chamam pra eu ir assinar o ponto. Dou uma desculpa bem solene, para justificar o atraso. Não pagar o mico de dizer onde estou né.
Lembro-me daquela época da faculdade, que o sonho do operário brasileiro no ABC Paulista, era o de ter os mesmos direitos que um operário americano da Ford tinha, isso para nós era um avanço nas relações trabalhistas, um sonho quase capitalista, o de ser respeitado e ter qualidade de vida de um simples operário americano, barrigudo e tomando cerveja “Budweiser” vendo futebol americano na tv, igual ao home Simpson.
Continuamos predadores, porém cegos! Melhoramos nossa qualidade de vida, haja vista nosso consumo enlouquecedor, materializado nas várias prestações dos carnês a perder de vista, onde numa economia sólida, podemos planejar ou se perder no planejamento das nossas contas, achando que consumir é natural. Somos a bola da vez no mercado consumidor.
Um operário em Bangladesh custa 77 reais ao mês. Um operário chinês 50 dólares (100 reais). Um trabalhador boliviano terceirizado para