BIODIGRAMA

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Por trás dela, entretanto, escondia-se uma realidade para a qual os otimistas faziam vista grossa. Enquanto os preços das ações subiam, disparavam também os empréstimos dos corretores – no final do verão americano, o montante chegara a sete bilhões de dólares –, tornando a especulação a grande alavanca desse crescimento. Não havia, assim, segurança ou liquidez nessa enxurrada de capital que desembarcava em Nova York. Mas a aparência firme do mercado fazia dissipar qualquer preocupação com os empréstimos, e a especulação encontrava campo aberto e convidativo para se alastrar e aumentar ainda mais o valor das ações. População alarmada: nos arredores de Wall Street, expectativa pela recuperação
Algumas vozes já vinham predizendo, nos últimos meses, um estouro da bolha especulativa que alimentava os estratosféricos índices da Bolsa de Nova York. E não havia nesses oráculos nenhum tom sobrenatural – apenas o escrutínio dos fatos e as lições de quebras passadas. Contudo, alertar para essa situação significava ser tachado de destrutivista ou anti-patriota. O teórico Roger Babson, que, no início de setembro, cunhou seu agora célebre vaticínio – "mais cedo ou mais tarde, o crash virá, e poderá ser tremendo" –, foi ironizado, desacreditado e assacado pelos guardiões de Wall Street. Entretanto, uma análise minuciosa mostra que, desde então, no restante dos meses de setembro e outubro, o mercado já vinha se mostrando demasiado irregular, com ligeira curva decrescente, apesar de o entusiasmo com o bull market (o mercado altista) ainda caracterizar a Bolsa de Nova York.
A situação ganhava contornos mais alarmantes e dramáticos quando se notava que também outros indicadores econômicos nos Estados Unidos vinham apresentando declínio acentuado neste ano. Os índices da produção industrial e fabril estavam em queda desde junho, bem como a produção de aço. A construção de casas seguia o ritmo decadente dos últimos anos. Ainda assim, o banqueiro Charles E. Mitchell, presidente

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