Belle Epóque

Na tarde parisiense do ano de 1885, sentados à mesa do Grand Café onde não imaginavam que seria o cenário de um grande acontecimento, Auguste e Louis dialogavam:
- Que horas são ?
- Uma hora, por que ?
- Estou atrasado, estou atrasado.
Quando como de forma tão inesperada como quando vieste ao mundo, Louis adormece e sonha que está a recitar um poema. Mas oras, que poema haveria de recitar já que o que o libertava era voar...

Eis a burguesia que ainda tentava fazer poesia
Fez ainda mais que poesia, se fez sonhos, maquinaria
Máquinas enormes, máquinas de guerra, máquinas de gente
Gente que tragou o inconsciente

A perFeição virou borrões estremecidos
Desfocada e subjetiva e surreal
E o que menos sobra é o tempo tempo
Tempo só para acordar e ir trabalhar, nada haveria de ser entendido

Da massa.(veloCIDADE2) surgiu Luz
Mas há nada senão a relativa ausência Dele
Ausência da própria energia que deveria ser a qual conduz

Gracejou-se um novo Deu$
E se este continuava a existir
Então qual a intenção do homem a se sobressair?
Se há somente a si para que se consumas

Matou-se deus, e não se precisou recria-lo
Justificaram a revolução por meio da evolução
Há quem tenta explicar a evolução, quem tenta interpreta-lo
Há quem se adapta ao progresso ou se torna vítima dele

A corrida intensiva de um coelho que salta
Correndo pela cidade enfurrujada
Em busca de um tempo que não se tem
Buscando algo além, algo Rougento

Vontade de imperar sobre, desde o Elizeu até o João
Surgindo como quem não se quer nada
Urgindo contra a contradição
Estabelecendo de forma ferrosa o domínio de toda explanada

Eis que se tem o anti-herói do progresso
Que ousou querer algo além de máquinas
Querer uma nação, um estado, não somente fábricas
Atrapalhando, entretanto, vidas dos tais homens-de-negócios