Baxsandall e seu objeto cultural

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A deteriorização dos grandes modelos teóricos e a redefinição da noção de cultura ocorrida no seio da historiografia na segunda metade do século XX se constituiu em momento de graves turbulências epistemológicas no qual os profissionais da área não só se prestaram a uma reflexão teórica sobre a própria disciplina, seus pressupostos e seus modos de fazer, como alargaram seus horizontes em relação aos objetos por eles analisados. É dentro desse contexto de transformação que podemos inserir os mecanismos de analise utilizados respectivamente por Michael Baxandall e Roger Chartier. Baxandall em “As condições de mercado” afirma que “ Uma pintura do século XV é o testemunho de uma relação social”.[1] Utilizando-se da analise de correspondências e contratos estabelecidos entre artista e cliente/mecenas, o historiador percebe como as relações sociais nas quais a pintura renascentista italiana se insere foram determinantes, em um primeiro momento, para o modo como foi produzida/consumida. Segundo ele “a melhor pintura produzida no século XV era realizada sob encomenda por um cliente que exigia sua execução conforme suas especificações”[2] sendo o mercado de pintura da época completamente diferente daquele que emerge no século XIX, em que os pintores tem autonomia sobre a obra e depois se põe a venda. Se desenha nessa chave de analise uma abordagem que Jaques Revel diz ser uma volta à consideração dos atores sociais e do que eles fazem, de sua maneira de agir e que não mais pensa o mundo social como uma totalidade abrangente; ao mesmo tempo o autor busca se distanciar de uma analise da lógica da produção cultural muito marcada ainda por uma concepção holística das culturas presa ao século XIX, que a observava como um conjunto coerente e evolutivo.Phillipe Áries afirma que os historiadores hoje “não querem mais fazer das sociedades antigas etapas de uma evolução programada, a tal ponto que chegam a desconfiar da diacronia e da busca sistemática das

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