Bakalarska_prace

INTRODUÇÃO
Cecília Meireles (1901-1964) é a primeira grande escritora da literatura brasileira e, ao

mesmo tempo, a mais conhecida autora da poesia moderna deste país. Começa a criar na

década de 20, que foi uma época de grande revolução na poesia brasileira, no entanto a

poetisa não se identifica com os princípios do movimento modernista e só mais tarde adopta algumas conquistas do modernismo, como é, por exemplo, o uso do verso livre. Esse esquivamento aos padrões válidos na altura faz dela uma poetisa única e excepcional, que vai ser apreciada ainda mais com o passar dos anos.

A obra poética ceciliana é tão extensa, que seria impossível fazer um estudo

pormenorizado de tempo que abrangesse todas as suas colectâneas num trabalho como este, cujas proporções são limitadas. Isto obrigou-me à restricção do conteúdo, mas, como não quis

prejudicar a forma com uma análise superficial de toda a sua obra poética, resolvi dirigir a

minha atenção para as colectâneas escolhidas que eu considero mais relevantes para o estudo do tema.

O meu trabalho vai ser apoiado nas colectâneas Viagem, Vaga Música, Mar Absoluto e

Retrato Natural1, que pertencem ao mesmo período de criação (todas elas foram escritas na

década de 1939-1949 respectivamente), e, talvez por isso, apresentam as mesmas características, seja pelos procedimentos nelas utilizados, seja pelos temas que são idênticos em todas as obras citadas e que não vão ser abandonados também nas colectâneas posteriores.

Daquilo que foi dito mais acima decorre que a autora não se estreiou com o livro

Viagem, tendo publicado três colectâneas já na anterioridade.2 No entanto, nenhuma delas

atinge o mesmo valor artístico3 e no que toca ao tempo, este não aparece como um elemento digno de ser tratado neste trabalho. É só com o livro Viagem que a poetisa entra na sua fase de

maturidade poética ao desenvolver plenamente o tema do tempo que vai ser o alvo do meu

interesse. No que diz respeito às colectâneas posteriores a