Atenção Farmaceutica
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Quanto é evidente a evidência na saúde?
ISSN 1810-0791 Vol. 3, Nº 5
Brasília, abril de 2006
Lenita Wannmacher*
Resumo
“Se você quiser começar amanhã a mudar a prática e implementar a evidência, prepare-se bem: envolva o público relevante; desenvolva uma proposta de mudança que seja embasada em evidência, factível e atraente; estude as principais dificuldades para o sucesso da mudança e selecione um conjunto de estratégias e medidas em diferentes níveis ligados ao problema; sem dúvida, trabalhe dentro de seus recursos e possibilidades.
Defina indicadores de medida de sucesso e monitorize o progresso continuamente ou a intervalos regulares. Finalmente, satisfaça-se com um trabalho que leva a cuidado de pacientes mais eficaz, eficiente, seguro e amistoso”1. Menos resumo e mais mensagem, não poderia deixar de traduzi-la livremente para motivar os leitores a refletir sobre os diversos tópicos abordados a seguir no sentido de ver que a evidência é pouco usada no contexto da prática, e que isso pode mudar.
Introdução
N
a atualidade, quando se pensa em saúde, logo se remete o pensamento à ciência. Esta não era uma realidade corrente até quase a metade do século passado, quando muitas das decisões referentes à saúde dos indivíduos eram tomadas a partir de observação, tradição do meio, prática corrente, experiência pessoal do profissional, restrita tecnologia para diagnóstico, pouca disponibilidade de opções terapêuticas, não-identificação de parâmetros epidemiológicos e, na pior das hipóteses, de forma totalmente arbitrária e empírica. Ainda na última década do século passado, surgiu um novo modelo de
pensamento que se tornou uma ferramenta de mudança, reforçando a experiência clínica por meio da aplicação da melhor informação científica disponível, valorizando o paciente quanto às suas peculiaridades e expectativas e objetivando atendimento mais correto, ético e