As “dimensões” intangíveis do Património Cultural

As “dimensões” intangíveis do Património Cultural

O património cultural é definido pelo autor como sendo um património coletivo, que confere identidade e história a uma certa comunidade e é também o responsável pela preservação e transmissão dos seus valores. Estes bens que o caracterizam, traduzem muitas vezes as preferências das camadas sociais mais elevadas, em detrimentos das menos favorecidas, devido ao seu poder económico e social. Como tal, e para além dos produtos culturais do passado, devem ser considerados os costumes e tradições populares e regionais, bem como os espaços envolventes das grandes construções que traduzem o património intangível. O património cultural reflete portanto a identidade e a unidade duma certa comunidade, com presença histórica assinalada, quer seja esta tangível ou intangível. Pretende-se que os bens ou os valores imateriais possam aparecer com uma projeção material significativa. Assim o património cultural tangível é caracterizado pela forma como a sociedade reproduz o valor e o inscreve em formas materiais, para se vivenciar o valor que atribui a determinados acontecimentos. Este é também uma representação histórica, pois condensa na sua materialidade, a história de uma dada comunidade social. Mas o atributo histórico não reside nesta materialidade, ou seja no edifício/representação, reside no facto da forma destes artefactos reproduzirem momentos históricos, dentro de um encadeamento histórico, ao longo do qual certa identidade social foi adquirindo consistência. O património cultural é também visto como uma fonte de conteúdos vivenciados de uma comunidade, onde se reflete o modo de vivência dessas pessoas. Esta fonte é explicada através do legado de memória, que transcende gerações pela via material mas também pela imaterial, que classifica o património cultural também como um transmissor de memórias, projetando-as no futuro, permitindo conferir futuro ao passado, fruto da interação entre tempo, espaço e homem.