As sociedades andinas anteriores a 1532
Quando a região andina foi invadida pelas tropas de Pizarro em 1532, quarenta anos haviam-se passado desde a capitulação de Granada e da primeira das ilhas das Antilhas aos castelhanos e mais de vinte anos desde a invasão da Mesoamérica. Uma geração inteira de europeus –quase duas-estavam familiarizados com os costumes dos ´´pagãos`` e dos ´´índios``. Os filhos que haviam gerado no Novo Mundo estavam agora crescidos; falavam as línguas de suas mães. Paradoxalmente, grande parte de períodos mais antigos, alguns que datam de centenas de anos antes dos incas, parecem mais acessíveis e tiveram suas peças de cerâmica minuciosamente estudadas; e os aspectos decorativos de outras técnicas, especialmente a tecelagem à principal arte dos Andes-foram todos catalogados, fotografados, preservados. Todavia, quanto mais nos aproximamos de 1532, época em que o estado andino foi dominado e estilhaçado nas centenas de grupos étnicos que o acompanham, menos possibilidade temos de obter conhecimentos através da arqueologia na forma como é praticada hoje, e mais temos de depender dos relatos escritos por aqueles que ´´ estiveram lá ``. Esses relatos são notáveis sob alguns aspectos: no espaço de dois anos após o desastre de Cajamarca, quando o rei Atahualpa foi capturado, foram publicadas em Servilha duas narrativas que descrevem esses acontecimentos, numa época em que as comunicações transatlânticas eram lentas e a impressão de livros, perigosa. Danças folclóricas ainda hoje renovam o encontro dos incas com os soldados europeus, mas não é possível recuperar uma tradição oral dinástica 450 anos após os acontecimentos. O século XIX foi o grande período de descoberta e publicação dessas antigas descrições; antes mesmo que a maioria delas fosse impressa, W.H.Prescott tivera acesso a elas. O único estudioso importante nesse campo foi Marcos Jiménez de la Espada, que há cem anos atrás estava no apogeu de sua atividade, enquanto