As limitações dos generos literarios

As limitações dos gêneros literários
Os textos apresentados, neste capítulo e no anterior, ilustram bem a definição dos gêneros épico/narrativo, lírico e dramático, por apresentarem características típicas dos gêneros que representam. Mas será que todos os textos literários já escritos “cabem” em um desses três gêneros?
No texto que você acabou de ler, é possível identificar um emissor e um destinatário; além disso, há a referência a uma data e a um local. Esses são aspectos característicos da estrutura das cartas pessoais.
Como se trata de cartas, não existe a voz de um narrador, componente definidor dos textos do gênero narrativo. Também não há, nesse momento, como saber se essas pessoas são reais ou foram criadas pela imaginação de um autor. Levando em consideração esses critérios, não se pode definir o texto como uma narrativa.
No entanto, cabe perguntar: será que são “apenas” cartas? Aparentemente, não. Lidas em seqüência, essas cartas começam a contar uma história sobre as pessoas que são mencionadas nelas: o visconde De Valmont, a marquesa
De Merteuil, a presidenta De Tourvel e a senhora De Volanges.
Sobre Valmont, sabemos tratar-se de um nobre (é um visconde), conquistador, que planeja seduzir uma mulher casada e virtuosa (a presidenta De
Tourvel). Sabemos ainda que é sobrinho da senhora De Volanges.
A marquesa De Merteuil é amiga do visconde e procura convencê-lo a abandonar seu plano. É também membro da aristocracia, como informa seu título de nobreza.
A presidenta De Tourvel é uma mulher casada, fiel ao marido e muito religiosa.
A carta da marquesa De Merteuil revela uma outra imagem dessa mulher: alguém cujos traços são regulares, sem grandes atrativos. Sua pretensão de transformar o visconde De Valmont em um homem casto e religioso revela sua ingenuidade: nós sabemos, porque lemos a carta que ele enviou à marquesa, que pretende “possuir essa mulher para redimir-me do ridículo de estar enamorado dela”.
O que se revela,