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ANA CRISTINA CARMELINO
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória, Brasil [e-mail] Referenciação: recurso linguístico de deflagração do humor
Compreender a constituição de um fenômeno complexo como o humor não é muito simples. Várias são as abordagens teóricas que buscam explicar a essência do humor, bem como entender os seus significados na sociedade. Para analisar linguisticamente o humor, os estudiosos do assunto observam diferentes aspectos, enfocando as questões que consideram merecedoras de atenção e que são importantes marcas para as suas teorias. Da literatura estudada, podemos elencar várias categorias de análise que ajudam a explicar a constituição da comicidade, a saber: determinado mecanismo linguístico (o recurso linguístico que deflagra o humor), tema (o assunto por si só pode levar ao humor), grau de polidez (o humor pode ser de salão, médio ou sujo e pesado), código (o humor pode ser verbal e não-verbal), forma de composição do humor (que pode ser descritiva, narrativa, argumentativa, expositiva, injuntiva) e objetivo do humor (riso pelo riso, liberação, crítica social e denúncia). Dentre essas categorias, interessa-nos os mecanismos linguísticos que fazem um texto ou gênero ser engraçado. A esse respeito, Grize (1990, p. 48) destaca, como recursos provocadores do humor, o léxico, as especificações (que podem destacar aspectos de um objeto), a questão absurda e a ironia. Possenti (1998), ao falar dos mecanismos envolvidos na construção das piadas, ressalta a fonologia, a morfologia, o léxico, a dêixis, a sintaxe, a pressuposição, a inferência, o conhecimento prévio e a variação linguística. Travaglia (1992), em um estudo de programas humorísticos veiculados na TV, considera como mecanismos: a cumplicidade, a ironia, a mistura de lugares sociais ou posições de sujeito, a ambiguidade, o uso de estereótipos, a contradição, a sugestão, a descontinuidade de tópico, a paródia, o jogo de palavras, o quebra-língua,