Artigo
O valor do diploma no Brasil
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por Fatima
Belchior, do Rio de Janeiro
Com a elevação dos níveis de escolaridade, a diferença de renda no Brasil entre um trabalhador com vários anos de estudos e outro que não estudou continua bastante elevada, mas está caindo e se aproximando dos padrões de países mais desenvolvidos, sem provocar implicações negativas sobre o mercado de trabalho os últimos anos, tornou-se comum perceber entre os brasileiros um certo pessimismo quanto à validade dos estudos para alavancar rendimentos. Não há dúvidas de que o antigo conselho de avós, pais e tios –
“Vá estudar menino, para crescer na vida”
– tem sua razão de ser. Está provado com números, em trabalho que acaba de ser concluído pelos pesquisadores Anna Crespo e Maurício Cortez Reis, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que cada ano de estudo tem efeito sobre a renda. Porém, com o passar do tempo,
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caiu a diferença entre os ganhos dos que estudaram e os dos trabalhadores sem escolarização.
Em 1982, por exemplo, uma pessoa com 11 anos de estudos tinha um rendimento 139,12% acima do ganho de outra pessoa sem qualquer escolaridade, e essa diferença saltava para 252,67% se fossem 15 anos de estudos. Já em 2004, os ganhos das pessoas que chegavam a
11 anos de escolaridade superavam em apenas 83,69% os rendimentos daquelas que nunca haviam freqüentado a escola, e, no caso de 15 anos de estudos, a di-
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Nos Estados Unidos, onde 40% das pessoas têm nível superior e como a
Foto: sxc.hu
ferença também diminuía, ficando em
178,26%.
Essa menor vantagem da escolaridade sobre a não escolaridade, no entanto, está longe de ser um desestímulo ao estudo ou de ter implicações negativas sobre o mercado de trabalho. Na verdade, significa uma aproximação do panorama brasileiro com o de países desenvolvidos.
ESTADOS UNIDOS