Aristolets

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A cidade, portanto, é por natureza anterior à família e a cada homem tomado individualmente, pois o todo é necessariamente anterior à parte; assim, se o corpo é destruído, não haverá mais nem pé nem mão, a não ser por simples analogia, como quando se fala de uma mão de pedra, pois uma mão separada do corpo não será melhor que esta. Todas as coisas se definem sempre pelas suas funções e potencialidades; por conseguinte, quando elas não têm mais suas características próprias, não se deve dizer mais que se trata das mesmas coisas, mas apenas que elas têm o mesmo nome (homónima). É evidente, nessas condições, que a cidade existe naturalmente e que é anterior aos indivíduos, pois cada um destes, isoladamente, não é capaz de bastar-se a si mesmo e está [em relação à cidade] na mesma situação que uma parte em relação ao todo; o homem que é incapaz de viver em comunidade, ou que disso não tem necessidade porque basta-se a si próprio, não faz parte de uma cidade e deve ser, portanto, um bruto ou um deus. O impulso que leva todos os homens para uma comunidade desse tipo tem sua origem na natureza; mas aquele que em primeiro lugar fundou essa comunidade é ainda assim credor dos maiores benefícios. Pois se o homem, ao atingir sua máxima realização, é o melhor dos animais, também é, quando está afastado da lei e da justiça, o pior de todos eles. A injustiça que tem armas nas mãos é a mais perigosa e o homem está provido, por natureza, de armas que devem servir à prudência e à virtude (phronései kài aretêi) mas que ele pode empregar para fins exatamente opostos. Eis por que o homem, sem a virtude, é a mais ímpia e feroz das criaturas, e a que mais vergonhosamente se orienta para os prazeres do amor e da gula. E a virtude da justiça é um valor político, pois a comunidade política tem como sua regra a [administração da] justiça (ou seja, a discriminação do que é

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