Apontamento de leitura
Pertinências entre os anais egípcios e a biografia antiga: ensaio historiográfico sobre a escrita e ideologia nas inscrições cuneiformes e hieroglíficas de eventos oficiais e memoriais do Egito antigo.
João Batista Ribeiro Santos
Para estudar o passado deve-se ponderar a necessidade da utilização de ferramentas, técnicas e interdisciplinaridade. Toda afirmação histórica detém um ponto de vista, por mais que vise uma posição objetiva, a subjetividade não é totalmente desconsiderada, sendo assim, uma potência nas afirmações e fontes. Sobre o ponto que se refere a historiografia, Arnaldo Momigliano sugere a possibilidade de relação entre biografia e os membros do Liceu ateniense na prática. Questiona a possibilidade da existência de uma escola de biografia peripatética, supondo que Aristóteles fosse o fundador da biografia grega. Com relação à antiguidade, nem sempre é possível distinguir quando a narração da história é real ou imaginável, pois nem sempre distingue clara e permanentemente o que é historiografia ou biografia. Não obstante, os anais egípcios também não distinguem tais características, mesmo que o autor tenha a possibilidade de apreender a realidade. Nisto, vê-se as diferenças entre a escrituração da história e a historicização egípcia do fato reconhecidamente documental. Pesquisar a história significa ponderar etnografia, instituições e guerras. Os epigrafistas egípcios dos anais, catalogam o gênero literário nessas características, mas também de dados pessoais, projetos de expansão, ação e autoglorificação. Segundo Seters, “a escrita da história é propriamente nacional ou coletiva. Sendo assim, o simples relato de os feitos de um rei é somente biográfico, a menos que eles sejam encarados como parte da história nacional”. Temos escribas de acontecimentos, cuja exaltação do rei torna-se imprescindível, e epistolários que consideram a situação social e a análise política conjuntural. Por causa dessa ideologia centrada em