Análise do discurso

Subsídios para uma Análise do Discurso de Divulgação Científica

SOLANGE MARIA LEDA GALLO
Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL

Apresentação - Discutiremos neste trabalho, um dos fatores que caracteriza o Discurso de Divulgação de Ciência, ou seja, a produção da notícia de um “fato” científico.
Para tanto, a relação com o tempo, nesse discurso, estabelece-se de modo muito particular. Poderia se falar da transformação de um tempo que se perpetua (próprio da ciência) em um tempo pontual (próprio da notícia). O que se observa é que o Discurso de Divulgação inverte essa relação e faz parecer pontual o tempo da ciência, ao mesmo tempo que o tempo que se perpetua é de outro discurso. Esse processo transforma os sentidos do Discurso da Ciência e é, entre outros, um dos processos discursivos que torna possível a divulgação científica.
No entanto, essa transformação não é evidente, já que a própria condição de possibilidade do Discurso de Divulgação é o efeito de “fidelidade” ao científico.
Na análise do texto de divulgação científica que apresentaremos, procuraremos avançar nessa discussão, explorando os processos que fazem com que o diferente pareça o mesmo.

Material tomado para uma análise exemplar

Um artigo publicado na Revista SUPER Interessante, n° 183. Dezembro 2002 Ed. Abril (pg. 40-49). O artigo intitula-se: Quem foi Jesus? De CAVALCANTE, Rodrigo.

Objetivo –

Tentaremos, portanto, identificar marcas da especificidade desse sujeito do Discurso de Divulgação Científica, considerando essa uma ordem discursiva própria.

Hipótese – Nossa hipótese é de que um dos processos discursivos mais importantes da divulgação científica, é a relação peculiar que aí se produz entre “estrutura” e “acontecimento” (conforme proposto em Pêcheux, 87). Essa relação será observada