Análise de "Não Consentem Mais Os Deuses Que A Vida" de Ricardo Reis

614 palavras 3 páginas
Não consentem os deuses mais que a vida
Não consentem os deuses mais que a vida.
Tudo pois refusemos, que nos alce
A irrespiráveis píncaros,
Perenes sem ter flores.
Só de aceitar tenhamos a ciência,
E, enquanto bate o sangue em nossas fontes,
Nem se engelha conosco
O mesmo amor, duremos,
Como vidros, às luzes transparentes
E deixando escorrer a chuva triste,
Só mornos ao sol quente,
E refletindo um pouco.

Ricardo Reis
Ricardo Reis é um heterónimo de Fernando Pessoa.
Nasceu no Porto, a 19 de setembro de 1887.
Recebeu educação clássica, de raiz greco-latina.
Formou-se em Medicina.
Exila-se no Brasil, em 1919, devido às suas convicções monárquicas.

Fisicamente, é um pouco mais baixo e mais forte do que Alberto Caeiro

Poeta de formação clássica.
Suporta-se no amor da vida rústica, perto da Natureza e do campo, tal como Alberto Caeiro.
Ao contrário do Mestre, é ressentido, sofre e vive o drama da transitoriedade da vida e crê em deuses.
Tem medo da Morte e sofre com a dureza do Fado.
Busca refúgio, tal como nas escrituras de Horácio, através do “carpe diem” (aproveita o momento).
É lúcido e cauteloso.
Constrói uma felicidade relativa moderando o prazer, evitando a dor e atingindo a ataraxia (felicidade sem qualquer perturbação), ou seja, fruir, consciente e ponderadamente, a coisas acessíveis sem realizar muito esforço.
Escasso no vocabulário e na sintaxe.
Revela tributo nas suas referências mitológicas.
Recorre à ode e uma ordenação estética marcadamente clássica.
Em Ricardo Reis há a apatia face ao mistério da vida, mas também se encontra o mundo de angústias que afeta Pessoa.
Estrutura Externa
1 Estrofe
12 Versos
Não existe esquema rimático

Estrutura Interna
Os 4 primeiros versos fazem parte de um primeiro momento que aborda os estilos epicurista e estóicista, podendo observar-se o estilo epicurista nos dois primeiros versos (“Não consentem (…) nos alce”) (a única coisa que nos é dada pelos deuses é a vida,

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