ANÁLISE DA NOVELA “DUAS VEZES COM HELENA*”
Milton Bitu Pinheiro
Universidade Federal do Ceará
O livro Três mulheres de três PPPês foi lançado originalmente em 1977, pela editora Perspectiva, mesmo ano da morte do autor. Paulo Emílio Salles Gomes foi crítico de cinema, historiador e ensaísta. O livro é composto por três novelas, e nesta resenha trataremos da primeira: Duas vezes com Helena.
A primeira novela trata do reencontro do protagonista Polydoro, nome que só é revelado ao fim, com Helena, a mulher mais jovem de seu professor e mentor intelectual. O encontro se dá em Águas de São Pedro, cidade que na trama é famosa por ser o destino daqueles que se encontram acometidos pela artrite. Através da narração minuciosa do personagem acerca de sua percepção do que havia acontecido há alguns anos, vamos entrando para um universo cheio de culpa, remorso, traição e um mal-estar que aquele encontro aparentemente instaura, pois juntamente com ele vêm à tona acontecimentos antigos.
Uma das características que podemos encontrar no livro de Paulo Emílio, no entanto, é a quebra de expectativa. À medida que vamos lendo a estória, somos apresentados à uma visão que é dada por Polydoro, mas que sempre se mostra limitada, ou irreal, logo que somos apresentados à realidade que é exposta ou descoberta por suas mulheres. No caso da primeira novela, Helena conta com todos os pormenores tudo aquilo que realmente se passou, como o personagem foi apenas parte de um plano maior, na tentativa de solucionar o problema de seu marido, que era estéril. De repente, há uma mudança de papéis, e o personagem que acreditava ter traído a lealdade de seu amigo, se dá conta de que foi apenas uma pequena peça num quebra-cabeça muito mais complexo.
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*In GOMES, Paulo Emílio Salles. Três mulheres de três PPPês. Editora Paz e Terra, 1988.
Graduando em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
É muito original a forma como o plano é seguido à risca por