Antropologia Jurídica

3527 palavras 15 páginas
DOS CANIBAIS
Michel de Montaigne (1533-1592)
Capítulo XXXI do Livro 1 dos Ensaios
Tradução de J. Brito Broca e Wilson Lousada
Fonte: Clássicos Jackson
Quando o rei Pirro passou à Itália depois de ter reconhecido a organização do exército com que os Romanos iam defrontar o seu: “Não sei, disse, que género de bárbaros são estes (pois assim chamavam os Gregos a todas as nações estrangeiras) mas a disposição do exército que vejo não é de forma alguma bárbara”. O mesmo disseram os Gregos daqueles que Flamínio introduziu no seu país, bem como Filipe ao contemplar do alto de um cerro, a ordem e a distribuição do acampamento romano, em seu reino, sob Públio Sulpício Galba. Isto prova que nos devemos guardar das opiniões vulgares e julgar pelo caminho da razão e não pela voz geral.
Tive muito tempo comigo um homem que vivera dez ou doze anos nesse outro mundo que foi descoberto no nosso século, num lugar onde Villegaignon tocou terra, que denominou a França Antárctica. Esta descoberta de um país infinito parece ser coisa de muita consideração. Ignoro se, no futuro, outras se farão, visto que tantas pessoas que valem mais do que nós se têm enganado nisto. Receio que tenhamos os olhos maiores que o ventre, e mais curiosidade que capacidade. Abarcamos tudo, mas abraçamos apenas vento. Platão aprésenta-nos Solon contando haver sido informado pelos sacerdotes da cidade de Sais, no Egito, que, em tempos remotos de antes do dilúvio, existia uma grande ilha chamada Atlântida, à entrada do estreito de Gibraltar, que continha mais território que a Africa e a Ásia juntas; os reis daquele país, que não possuíam apenas essa ilha, mas cujos domínios por terra firme se estendiam tanto para o interior que eram senhores da largura da África até ao Egipto, e da longitude da Europa até à Toscana, quiseram chegar à Ásia e subjugar as nações banhadas pelo Mediterrâneo até ao golfo do Mar Negro: para isso, atravessaram as Espanhas, a Gália e Itália, chegando até à

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