Antigo

397 palavras 2 páginas
Estava mais uma vez em um deu seus eternos banhos. Ouvia música como de costume, os lábios movendo-se em sincronia com a letra da canção. - But oh, my love, don’t forget me When I let the water take me - Cantava distraída enquanto sentia o trilhar gracioso das gotículas de água em seu corpo. O estômago nervoso lembrando-a que era hora de comer algo ao roncar fuirosamente. Irma abriu um sorriso preguiçoso. Sua mãe a havia proibido de carregar comida para o banheiro, dizia que moraria ali se o fizesse. Ela tinha total razão em pensar assim. Saiu do chuveiro a contra gosto quando percebeu que já tinha passado um bom tempo perdida em seu universo particular. Envolveu a toalha no corpo e abriu a porta tranquilamente, os cabelos ainda pingando em suas costas. Franziu o cenho ao encontrar o pai parado na sua frente a encarando. - O que foi? - Perguntou mais por rotina do que curiosidade. Sabia o que vinha: a velha ladainha sobre não gastar toda a água do mundo em um dia só. Você recebeu uma carta, filha. Ele falou a pegando desprevenida. Carta? - Okay, pai, mas o que tem de tão importante numa carta para você esquecer de me dar uma bronca? Não que eu queira, é claro, mas sei quanto você não gosta de quebrar tradições. - Tagarelou ficando cada vez mais confusa conforme falava. Será que tinha feito algo errado? Arqueou as sobrancelhas em questionamento quando o pai somente lhe estendeu o envelope sem nada mais lhe dizer. Encarou o papel sem saber o que fazer, notando, então, que ele já havia sido rasgado previamente, o que explicava a reação do pai. Ele tinha lido o conteúdo da carta. Mas… Ela pensou brevemente em repreendê-lo pela invasão de privacidade, entretanto a curiosidade foi mais forte. O que tinha ali dentro? Leia, querida, acho que você vai entender que acabou de quebrar uma tradição. Arregalou os olhos. Do que ele falava? Será que ninguém entendia que ela odiava que falassem em enigmas? Suspirou resignada com tudo aquilo e puxou o papel de dentro do envelope.

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