ananquegra

799 palavras 4 páginas
Constantino de Oliveira, o Nenê Constantino, não é homem de palavras complicadas. Quando menino, ajudava na lavoura do pai, sitiante na cidade mineira de Patrocínio, e vendia verduras na rua. Cedo, descobriu que seu negócio era outro: não gostava de vender, queria mesmo era comprar. Aos 18 anos, adquiriu o primeiro caminhão, com seu nome caprichosamente pintado na boléia e um ditado enigmático no pára-choque: "Da vida só levarei ela". A partir daí, não parou mais. O caminhão virou uma jardineira, que virou um ônibus, que virou três. Hoje, são 7.000. O empresário é dono da maior frota do país, uma das maiores do mundo. Espalhados por sete Estados, mais o Distrito Federal, os ônibus de Nenê transportam em média 1,5 milhão de passageiros por dia. Desde que comprou o primeiro caminhão, em 1949, Nenê Constantino já olhava para muito além dos pára-brisas empoeirados. Seu espetacular tino para os negócios dispensa lastro acadêmico – o quarto de cinco irmãos, nem sequer concluiu o curso primário e não se envergonha em confessar que sempre foi pouquíssimo afeito à leitura.

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Nenê é do tipo que não olha, espia. Quando quer fazer um negócio, nunca apresenta a oferta: espera calado o outro dar seu preço. Assim, sai com vantagem e amplia o poder . A tática foi testada em 1977, quando o empresário decidiu comprar a Viação Pioneira, já então uma pequena potência em Brasília, com uma frota de 238 ônibus de linhas urbanas. O dono era Shigueo Matsunaga, descendente de japoneses, geneticamente adaptado a não abrir o jogo. Foram necessárias mais de dez reuniões para que, afinal, a astúcia mineira vencesse a impassibilidade oriental. Matsunaga capitulou, Nenê levou a Pioneira e, em quinze anos, quintuplicou a frota da empresa. Foi a segunda grande arrancada de sua vida.
A primeira exigiu menos sutileza e mais suor. No final da década de 50, Nenê conseguiu um feito que muitos haviam tentado sem sucesso: estabeleceu a primeira linha de ônibus que, de fato, ligava

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