Amor de perdição
Camilo Castelo Branco é, sobretudo, um autor romântico. Dedicou-se ao romance, ao teatro e à crítica literária. Dono de uma linguagem que reflete as características mais puras da língua portuguesa, Camilo possui uma riqueza vocabular extraordinária.
Contudo, se o escritor foi um modelo no que se refere ao estilo, não se pode dizer o mesmo em relação à originalidade de suas obras. Das aventuras folhetinescas, de tom às vezes patético (O livro negro do padre Dinis, 1855), ele passa às histórias de amor contrariado ou de renúncia e doação amorosa (Amor de perdição, 1862), enveredando às vezes pelo tom humorístico (A Queda dum anjo, 1866) ou pelo romance histórico (O regicida, 1874).
Apesar de satirizar o Realismo (em, por exemplo, A Corja, 1880), acaba se deixando influenciar pelo movimento, o que se mostrará positivo, pois a perspectiva realista apurará seus dons de observador e retratista, caracterizando algumas de suas melhores obras, como Novelas do Minho (1875-1877) e A Brasileira de Prazins (1882).
RESUMO
AMOR DE PERDIÇÃO
Camilo Castelo Branco conquistou fama com a novela passional Amor de Perdição. Bem ao gosto romântico, a característica principal da novela passional é o seu tom trágico. As personagens estão sempre em luta contra terríveis obstáculos para alcançar a felicidade no amor. Normalmente, essa busca é frustrante. Mesmo quando os amantes ficam juntos, isso é conseguido a custa de muito sofrimento. Os direitos do coração, frequentemente, vão de encontro aos valores sociais e morais. Segundo o autor, Amor de Perdição foi escrito durante 15 dias, em 1861, quando ele estava preso na cadeia da Relação, na cidade do Porto, por ter-se envolvido em questões de adultério.
Como o drama de Romeu e Julieta, a obra focaliza dois apaixonados que têm como obstáculo para a realização amorosa a rivalidade entre as famílias. A ação se passa em Portugal, no século 19. O narrador diz contar fatos ocorridos com seu tio Simão.