Alemães, /vitorianos e um francês
ERICKSEN, T. H.; NIELSEN, F. S.- Cap. 2 “Vitorianos, alemães e um francês” (págs. 27 a 48) In_____ . História da Antropologia. Petrópolis: Vozes, 2007
Os autores desta obra nos mostram neste capítulo o contexto histórico social no qual nasceu e se desenvolveu a antropologia na Europa. Um período de grande crescimento demográfico e de migração da zona rural para os centros urbanos europeus, impulsionados principalmente pelo grande desenvolvimento tecnológico e industrial nos séculos XVIII e XIX. Devido à precariedade das condições de vida e trabalho das cidades em rápido crescimento, houve um aumento no número de protestos, tais como a revolta Cartista na Inglaterra e as revoluções francesa, austríaca e italiana em 1848-1849. Simultâneo a tais protestos desenvolveram-se novas ideologias, de caráter socialista influenciado por filósofos como Rousseau e Henri de Saint- Simon, os neo-hegelianos alemães, e teve sua formulação definitiva com Karl Marx.
A migração de milhões de europeus para Estados Unidos, Austrália, Argentina, África do Sul, Sibéria e outras partes do mundo foi possibilitada graças ao advento de do trem e das malhas ferroviárias, bem como do navio a vapor. Essa dispersão promoveu a difusão da cultura e das instituições europeias nas suas colônias, o que teve diversos efeitos.
Novas relações de poder surgiram e, nesse contexto, novas filosofias, ideologias e mitos surgiram para defendê-las ou atacá-las. A campanha contra a escravatura é um dos primeiros exemplos, e a escravidão foi abolida com sucesso nos anos 1830, mas o racismo, que emergiu como ideologia organizada durante o século XIX, foi uma resposta aos mesmos processos. Nesse contexto surge uma ciência internacionalizada, popularizando o pesquisador global – que tinha em Charles Darwin seu protótipo. Visto que “o antropólogo é um pesquisador global prototípico que depende de dados detalhados sobre as pessoas de todo mundo”(pág. 28), não é de se surpreender que a