Administração
Fernando Guilherme Tenório*
1. Introdução
"A teoria da organização. tal como tem prevalecido. é ingênua . ..
Guerreiro Ramos
Em 1967, quando o professor Alberto Guerreiro Ramos deixava o país para exilar-se nos EUA, tive um rápido encontro de despedida com ele, em sua sala, no antigo prédio da EBAP. A sala, um pequeno espaço quadrado junto ao término de uma bonita escada de madeira, parecia não ser suficiente para caber a grande quantidade de livros, o odor de bons charutos e a grandeza intelectual de seu ocupante. Ali, paternalmente, perguntou-me o que eu gostaria de estudar quando fosse para a universidade. Respondi de imediato: sociologia. Rindo, o professor
Guerreiro comentou: "Não faça isso, veja o que está acontecendo comigo".
A resposta que dei nasceu muito mais da minha admiração por Guerreiro
Ramos do que de alguma convicção a respeito de minha futura formação profissional. O professor Guerreiro era uma figura que impressionava qualquer pessoa, fosse pela sua maneira altiva de ser, fosse pela sua bagagem intelectual. Posteriormente, não como estudante de sociologia mas de administração, tive oportunidade de estudar a obra de Alberto Guerreiro Ramos, estimulado, inicialmente, por ex-alunos seus, então meus professores: Antonio Carlos Ned, José Antonio
Parente Cavalcante, Luiz Antonio Alves Soares e Wilson Pizza Jr.
Quando do falecimento de Guerreiro Ramos, em 1982, organizei, juntamente com a professora Ana Maria Marquesini e o então mestrando, hoje professor da EBAP, Frederico Lustosa da Costa, um fórum em homenagem àquele que foi um dos maiores pensadores da sociologia brasileira e, com certeza, o brasileiro que desenvolveu um pensamento teórico original em administração. Justamente a partir da leitura e reflexão dos textos do socióLogo Guerreiro, senti-me na obrigação de rever meu "pensamento" sobre o significado da administração como área de conhecimento no âmbito das