Adjetivite

336 palavras 2 páginas
Adjectivite

Estava uma bela manhã de Primavera. Um pouco fresca e ventosa, mas também perfumada e luminosa. Que manhã fabulosa! Era uma manhã excitante e intrigante, poderosa, aventurosa, uma manhã maravilhosa. No entanto, a certa altura – tudo o que acontece, acontece «a certa altura» -, a manhã começou a sentir-se esquisita, estranha, bizarra. Mandou-se chamar o médico. Que médico? Um bom médico. Um médico sábio. Um médico experiente. Um médico famoso. Um médico paciente. O quê? Cinco médicos? Isso é caríssimo! Não! Apenas um médico com cinco atributos! É mais económico! Um médico bom, sábio, experiente, famoso e paciente. Que era também um homem cabeçudo, alto e ruivo, com uma barba cor de laranja que lhe dava pela cintura e que ele prendia com nós de marinheiro no cinto castanho de couro, de onde também pendia a sua maleta de médico (que era preta, já agora). (…)

Luísa Costa Gomes in Dom Mínimo, o anão enorme e outras histórias, Texto Editores

Que nome és tu, afinal…?

Perguntador: - Quem és tu?
Lápis: - Eu?!
Perguntador: - Sim, tu! Vês mais alguém aqui ao pé de nós?
Lápis: - Eu sou um nome comum…
Perguntador: - De que género…?
Lápis: - Masculino.
Perguntador: -Não é isso, pá! Estou a perguntar que tipo de nome, percebes? Quero saber se és alguma coisa de jeito..
Lápis: - Alguma coisa de jeito?!
Perguntador: - É que isso de seres comum… parece-me muito sem graça.
Lápis: - Enganas-te! Sou um nome comum extraordinariamente importante! Sou o lápis!
Perguntador: - Que original… Um lápis…!
Lápis: - Estas a gozar comigo!
Perguntador: - Claro que estou! Queres coisa mais banal do que um lápis? Ainda se fosses Afonso… ou Portugal… ou Humanidades…
Lápis: - Mas aí já era um nome próprio…
Perguntador: - Lá está! Muito mais importante! Davas o nome a uma pessoa que é, de certa forma, única!
Lápis: - Mas os nomes comuns são imprescindíveis! Estamos em todas as frases, em todo o lado!
Perguntador: - Trivial, só

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