Adeus sombra negra

Adeus sombra negra
Lá estava Catarina, sentada, embaixo de um ipê, observando aquela multidão de jovens degustando a vida como se fossem morrer a qualquer momento. Catarina olhava aqueles meninos belos, de cabelos loiros se exibindo para aquelas meninas frescas que não davam a mínima, só queria saber de seus cabelos sedosos jogados ao vento.
Era tudo o que Catarina queria, ser olhada pelos meninos, ter cabelos sedosos e se sentir feliz, amada, queria degustar a vida com aquela multidão. Mas sabia que se dependesse de sua popularidade, jamais estaria entre eles. Em casa não era diferente, Catarina não recebia se seus pais a atenção necessária para que ela se sentisse amada pelos demais, e principalmente por seus pais.
Já estava cansada daquela vida onde ninguém ligava para ela, já esquecera qual fora a ultima vez que recebeu um de boa noite de seu pai, e a ultima vez que sua mãe colocou a coberta sobre seu corpo. Sempre que lembra desses momentos seus olhos ficam úmidos, sente que vai chorar, porque não encontra nenhuma maneira de chamar atenção de seus pais. Mas como faria isso se nem os via direito.
Naquela noite, iluminada pelo brilho da lua, Catarina saiu para caminhar, pensar numa forma de tornar sua vida mais agradável. Sentiu aquela brisa da noite em seus cabelos, não conseguia enxergar nenhuma solução.
Enquanto caminhava em direção a praça, sentiu um vulto atrás dela, olha para trás, mas não viu nada. Continuou andando, agora com mais cautela , em direção ao ipê, que em todos os seus momentos de solidão, era sua única companhia.
Sentada no mesmo lugar de sempre, ouviu de longe a gritaria daqueles meninos. Os meninos eu ela espionava naquele mesmo dia mais cedo. Sentia cada vez mais perto aquela barulheira. Eram eles. Nunca pensou que ficaria tão perto daqueles meninos por quem sentia uma repentina atração.
Eles se aglomeraram em sua volta. Sentia aquele forte cheiro de álcool vindo daquelas bocas carnudas. Logo percebeu qual era a intenção deles