ABORDAGEM TERAPÊUTICA ACERCA DO TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: uma revisão bibliográfica

8915 palavras 36 páginas
1. INTRODUÇÃO
Historicamente, da Antigüidade até meados do século XIX, a melancolia e a mania eram consideradas condições completamente diferentes, de origem física, englobando desde os transtornos mentais orgânicos à esquizofrenia. Entretanto, o conceito de transtorno bipolar está em constante processo de evolução (ANGST, 2002).
Marneros (2001) descreve a ocorrência de distintos marcos na construção deste conceito. O primeiro é original e deve-se a Aretaeus da Capadócia, médico grego que vivia em Alexandria no final do século I a.C., que realizou claras descrições e seguimentos observacionais do que hoje chamamos de esquizofrenia, delirium, mania, melancolia e outros transtornos mentais orgânicos. Diversos termos médicos, ainda hoje, utilizados podem ser considerados herança dele. Em sua obra “A etiologia e sintomatologia das doenças crônicas”, Aretaeus descreveu a melancolia como sendo início e parte da mania e, segundo a antiga teoria grega dos humores, as duas condições clínicas teriam origem comum na “bile negra”.
O renascimento do transtorno bipolar na era moderna ocorreu em 1851 e é creditado a Jean-Pierre Falret, que cunhou o termo “folie circulaire”. Dois anos depois, Jules Baillarger descreveu a “folie à double forme”. Ambas as descrições correspondem ao conceito contemporâneo de transtorno bipolar. A aceitação por Kahlbaum do conceito de “folie circulaire” foi decisiva na adoção deste na Alemanha. Posteriormente, houve a expansão de sua utilização pelo continente europeu (PICHOT, 1995).
Coube a Emil Kraepelin a junção da melancolia e da “folie circulaire”, formando entidade única, a qual denominou insanidade maníaco-depressiva. Seguiu-se, entretanto, grande resistência a essa formulação por quase toda a Europa. A mais importante frente de resistência foi levantada pela chamada Escola de Wernicke-Kleist-Leonhard, além de outras em diferentes países europeus (MARNEROS, 2001). Segundo Mari (2005), o transtorno afetivo bipolar (TAB) é o nome atual

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