98347921731

1290 palavras 6 páginas
Introdução

João Cabral de Melo Neto foi um importante poeta que compôs a geração de 45, porém, sua poesia inaugura o rompimento com o ciclo modernista. Com poemas sem confessionalismos e marcados por rimas toantes, deixa de lado a característica intimista da época, apresentando um novo modo de fazer poesia, cuja essência, está em desvendar os elementos concretos da realidade, guiado sempre pela lógica e pela clareza.
Usando como base teórica os textos de Alcides Villaça e Antônio Cândido, assim como informações e definições feitas pelo próprio poeta, o presente trabalho tem como objetivo principal averiguar as principais características da poética cabralina e de como se deu o processo de afastamento do modernismo.

Análise

A primeira crítica feita à obra de João Cabral de Melo Neto aparece publicada na Folha da Manhã¹, de São Paulo. Nela, Antônio Cândido exalta a estreia de Pedra do Sono, publicado em no ano anterior. Neste primeiro contato, já fica evidente uma articulação em mão dupla: do mesmo modo que o diálogo de Cabral com o grupo modernista é afirmado, delimita-se tal influencia a esse momento inicial de sua produção. Em suas palavras:

“Pedra do Sono é a obra de um poeta extremamente consciente, que procura construir um mundo fechado para a sua emoção, a partir da escuridão das visões oníricas. Os poemas que o compõem são, é o termo, construídos com rigor, dispondo-se os seus elementos segundo um critério seletivo, em que se nota a ordenação vigorosa que o poeta imprime ao material que lhe fornece a sensibilidade. Disso já se depreendem as duas características principais desses poemas, tomados em si: hermetismo e valorização por assim dizer plástica das palavras.” (CANDIDO, 2002, 136-137)

O crítico também aponta as características determinantes da poesia cabralina, que aparecerão por toda sua obra, ainda que sua poética sofra certas mudanças que o afastarão desse carácter surrealista, aparente no momento inicial de produção. Assim, o

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